sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Don’t get comfortable

Seis meses se passaram, vagarosamente voando! (SIC)

Viver na Europa pode parecer chique e bonito quando se olha no álbum do Orkut, mas a verdade é que a parada é difícil e quem passa por ela, sabe. Mas, ouvindo a música que virou o título do post, relembro que é essa a idéia de aprender a crescer. Ficar confortável no nosso lugar de sempre não ajuda a gente a mudar. Transformação vem ao passar pelo fogo que arde, dói, pelo frio que corta (e aqui a gente sabe bem disso), pelo choque de temperaturas, culturas, temperamentos, gostos e desgostos.

E o processo envolve choro, riso, suor, dúvidas, alguns acertos e muuuitas tentativas. Às vezes incluem uma dose de perda de identidade, e no final das contas você pode perceber que sua identidade não era tão aquela como você pensava que era.

Sair da zona de conforto pode gerar muita confusão mental, dúvida sobre quem é você e sobre o que deve fazer, mas também ajuda a fortalecer sua fé e a perceber o quão pequenininho a gente é.

Ajuda a enxergar a vida sobre outra perspectiva, a do outro. A enxergar a mocinha da padaria com muito mais carinho e paciência, a sentir um pouco da dor da mão calejada de quem todo dia constrói um belo prédio para outros usufruirem do conforto e a ter vontade de conversar com a menina que o dia todo fala a mesma frase diante da máquina registradora.

Sair da zona de conforto também implica a se jogar de cabeça em um mundo em que o legal é ser maldoso, sacana, espertinho, em que dar risada do garoto tímido e faze-lo passar por apuros é “cool” e onde os cargos de chefia geralmente cabem àqueles que sabem pisar bem nas pessoas porque aí elas não darão muito trabalho reinvidicando nada. É muitas vezes ser cercado por tudo isso, e não ter o abraço gostoso dos pais ao chegar em casa, porque eles estão longe.

Mas também é contar com a Graça de Deus e dar de cara com o Amor Dele no braço de algum irmão querido e um amigo de verdade que você consegue ter por perto. (Eu até reclamo de barriga cheia porque tenho o meu melhor amigo ao meu lado, thanks God).

Sair da zona de conforto ensina que as coisas que mais valem a pena são aquelas que você não dá muito valor enquanto perde - Todo o seu - tempo juntando dinheiro pra comprar uma casa, montar seu closet ou fazer 268.456 mil cursos para se preparar para o mercado de trabalho.

Você também percebe que as pessoas ao seu redor estão sedentas por amor e uma palavra de carinho e incentivo, mas podem assustar se você oferece isso porque a cultura vigente não prega esses valores. Ser amável e bondoso é “oldfashion” e por isso é que o Evangelho pode parecer tão ultrapassado para alguns.

Hoje soube da notícia de que um colega querido do antigo trabalho faleceu. Essas coisas doem, fazem pensar, ainda mais quando é alguém jovem e amável como o Leandro e é levado de forma não natural. Ele também era Cristão, e como um seguidor dos passos de Cristo, vivia na contra mão da cultura da maldade, e não se cansava de falar a qualquer um do Amor de Cristo, mesmo que isso soasse tão “oldfashion” , ainda mais a alguém que vivia dentro do mundo da publicidade, um dos mais cults e moderninhos que existem.

Lembrando do exemplo de pessoa que exalava o Amor de Cristo como ele era e olhando ao meu redor, eu chego à conclusão de que eu quero mesmo é viver mais a loucura da Cruz. Essa que nos leva mais perto da sabedoria e simplicidade de Deus, dos gestos simples e de atenção ao próximo.

Não quero não ter tempo para amar as pessoas, nem usar vidas como forma de alcançar postos. Quem são os verdadeiros exemplos, o grande empresário que estampa a capa de revista e sabe fazer milhões em $ ou os simples que arranjam tempo pra amar a qualquer preço?

Vejo que talvez por isso os verdadeiros Grandes desta vida não tenham tanto lugar nesse mundo, talvez seja sempre essa sensação de “não lugar”, de peregrino em terra alheia, como já dizia a “oldfashion” leitura bíblica.

Mas para esses peregrinos, como o Leandro, temos a certeza do belo lugar eterno preparado, ao lado da melhor companhia, nosso Jesus. Lá espero reencontrar meu amigo e tantos outros.

Espero ver você por lá também!

A morte sempre nos traz sofrimento. Mas o sofrimento do cristão é amenizado pela esperança: “...para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem.” I Tessalonicenses 4:13-14

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, o que Deus tem preparado para aqueles que o Amam.” I Corintios 2:9


Redação e fotos: Mary de Salve


You still there

Um comentário:

  1. Olá, Mary! É muito bom poder compartilhar do seu blog: um pouquinho da própria Mary crescendo... Que possamos crescer juntos e que suas impressões e comentários sejam geradores de boas inquietações em outras pessoas...:-) Precisamos daquele tipo de inquietação que nos tira da zona de conforto e nos faz crescer, avançar, abençoar. A propósito, lendo esse último post me lembrei de uma música... vou compartilhar partes da letra aqui, ok?
    "Não quero ir por atalhos
    Quero seguir o caminho que tu preparaste pra mim Senhor
    Quero agradar o teu coração
    Te obedecer é sempre o melhor
    Não quero ter suas bençãos sem antes passar pela cruz
    Eu vou passar pela cruz, me quebrantar
    Vou passar pela cruz, me arrepender
    Vou passar pela cruz que ainda está manchada de sangue...por tanto me amar
    Vou passar pela cruz e nela me ver
    Vou passar pela cruz e erguer um altar onde a oferta sou eu, crucifico o meu eu e agradeço oh Jesus pela cruz!
    Mateus 16:24
    Creio que quando somos forçados a sair da zona de conforto, somos levados a passar pela cruz, deixarmos o que era muito nosso, mas pouco do Senhor, somos transformados, e embora doa, creio que o objetivo final do nosso maravilhoso Pai de amor é nos restaurar, nos levar À zoe= vida plena, salvação por completo, não pautada pelos valores enganosos desse mundo... Então, leva-nos Deus, capacita-nos, pois a força só pode mesmo vir de ti!

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